Como as condições climáticas têm ganhado a pauta dos governos e da sociedade no século 21!
Cada vez mais, temos visto pessoas migrando de um país para outro ou dentro de seu próprio país por condições ideológicas e econômicas, a novidade agora é que elas também migram por condições climáticas. Nos idos do século 19 e finais do século anterior, América teve uma das maiores ondas de migrantes forçados do mundo, podemos dizer, usando as palavras dos historiadores, “que foi o maior genocidio de uma população pela condição da pele”. Temos de somar a tudo isso o fato do início da era da industrialização e o comércio global, fatores influenciadores para chegarmos a história que escutamos todos os dias pelos meios de comunicação.
Há um movimento universal para enterrar a realidade ou pelo menos negar os efeitos climáticos sobre a população e a economia. O interessante desta visão é que a hiperinformação tem contribuído para que cada vez mais o número de adeptos cresça e acreditem nesta tese, haja vista que essa metodologia tem como princípio apresentar informações em grande quantidade, mas muito superficial sobre os assuntos. Ao contrário disso, são cidadãos informados e com conhecimento sobre a problemática ambiental e seus impactos, tanto econômicos, ambientais como sociais.
Que temos feito e como podemos ajudar a todos aqueles que nessas condições se encontram!
As escolas, de modo geral, têm desenvolvido tarefas e atividades escolares que levam ao despertar dos estudantes sobre como podemos melhorar nossa relação com nossa comunidade. Um tempo atrás, *Jorge e *Isadora estiveram juntos visitando um grupo de migrantes, onde as condições de vida são as mais dignas possíveis, claro que evocando nossa introdução, o mais importante é sobreviver. Foram desenvolver um projeto de comunicação em direito: direitos fundamentais e o migrante, ou seja, explicar como a Convenção Interamericana de Direitos Humanos, também conhecida como Pacto de São José da Costa Rica, integra o ordenamento jurídico brasileiro desde 1992. Esse foco que deram é, em instrumentalizar ao cidadão, embora na condição de exilado, transeunt
e, que há artigos e decretos na Constituição brasileira, que amparam sua passagem pelo país e oferecem garantias mínimas, que todos nós buscamos, ser um cidadão de plenos direitos, como protegido pela carta magna.

No mesmo grupo, tínhamos dois casos: haitianos, pessoas que foram obrigadas a migrar por força da tragédia sísmica de 12 de janeiro de 2010, que deixou cerca 230 mil pessoas mortas e mais de um milhão de desabrigados e venezuelanos, que migram por conta da situação política em que vive o país.
O maior efeitos para nós, que acreditamos que fomos dar um pouco de conforto e conhecimento, foi sair carregados de histórias
Inicialmente, os grupos estavam um pouco desconfiados, e perguntavam sobre que trataríamos, que informações daríamos ou como acreditávamos que poderíamos ajudá-los com seus problemas? A primeira história que escutamos foi de uma senhora *Maria que no caminho deixara o filho em Roraima, estado do norte de Brasil, em um campo de refugiados, pois não tinha todo o dinheiro para o transporte, nem a documentação de acesso exigida pelas autoridades para ingressar na condição de exílio, já que em voo domésticos e pela condição momentânea no Brasil, todo estrangeiro que ingresse neste aeroporto de Porto Velho, capital do estado, deve apresentar a documentação necessária que lhe permita sua mobilidade. O complicado era, que ela pedia para que eles a ajudassem com isso, com sua necessidade e, essa não era a missão. Logo, outros mais foram chegando e colocando suas dúvidas, conflitos legais e angústias e buscando a solução que cada momento exigia.

Falar para esse grupo que a Constituição define claramente, onde estão as responsabilidades do Estado e dos governos para ajudar às pessoas nestas condições. Descreveram como podem obter documentos, registros na Polícia federal e outras instituições, e políticas públicas e programas para melhorar a qualidade de vida de cada um dos que estavam nesta reunião.
Mas, onde estão os migrantes do clima que dizemos que estaríamos apresentando aqui!
No Brasil, temos três tipos de migrantes climáticos, os brasileiros que por falta de políticas públicas de mitigação frente aos resultados dos eventos climáticos que têm migrado de estado e cidades para outros estados da Federação, os estrangeiros que usam o Brasil como rota de passagem para outros países, bem como aqueles que terminam ficando por acreditar que este um país afável, receptivo e cheio de oportunidades, o sonho verde-amarelo. O Brasil tem-se tornado uma das novas rotas de migração, onde já tem mais de 1,5 milhão de migrantes e, dentro deste, algo por volta de 650 em status de refugiado, segundo a organização internacional ACNUR.
“Só porque achamos que o sistema não é perfeito, não podemos parar de lutar para deixá-lo melhor”
Esta frase a escutei e não pude deixar de colocá-la em prática, pois é sabido que para um melhor conforto de minha vida e território, é necessário que os outros de meu lado estejam em igualdade de condições de luta por uma vida digna.
Nas décadas de 70 e 80, o Brasil viveu um de seus maiores êxodos rurais, dito de outro modo, das maiores massas migratórias humanas na América Latina por conta da seca que se estendeu por mais de 10 anos na região nordeste. Esse fenômeno climático ocasionou uma “diáspora campesina”, muito embora o termo seja usado com uma carga semântica preconceituosa, aqui, neste momento, o usamos para determinar o avanço forçado que as condições climáticas e de pouco ou quase nenhuma infraestrutura urbana no semiárido nordestino brasileiro é praticado, levando às pessoas dessas terras a abandoná-las e migrarem para a cidade, para as ruas, para os subempregos, para muitos, para as favelas.
Todavia, é necessário somar os migrantes haitianos, que citamos ao início de nosso ensaio, que além da condição de miséria pela força da migração, os abusos dos coiotes** e, um elemento que se soma de forma extravagante, a língua, pois o fato de, embora estarem nas Américas e falarem espanhol e sim francês, os faz distantes, muito, e mais vulneráveis entre os vulneráveis.
As novas rotas possíveis de migrantes climáticos pelo Brasil

O Rio Grande do Sul, estado do brasileiro ao sul do país, vive um dos maiores impactos climáticos da era moderna, nunca o Brasil tinha visto uma concentração de chuvas com tamanho volume e, em um só território. A população de mais de 11 milhões de habitantes do Estado foi afetada em mais de 90% de sua totalidade, direta ou indiretamente. Outras cidades foram afetadas em 100% de sua população, infraestrutura e economia, pelo histórico já levantado no país, assim como várias pessoas que migraram do nordeste para o sul, em épocas passadas, buscando melhores condições, agora podem inverter a mão, assim devemos ver um movimento do sul ao nordeste, ou ao centro-oeste do país, pois, neste país continental, os territórios extremos tem passado por situações de calamidade e com ele sua população. Muito embora o Governo comece a mudar a implementação das políticas de adaptação, levará um tempo para que os efeitos positivos sejam sentidos por todos os afetados diretamente. Agora, os migrantes do clima haitianos, venezuelanos, colombianos e outros continuaram sua marcha, pois muitos que tinham se estabelecido nas cidades do sul do país, hoje são exilados dentro do Brasil.