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Doença de chagas, silêncio do Estado e morte em família

Como a doença de Chagas em seus ciclos de silêncio e a negligência do Estado dizima as famílias pobres no Estado de Goiás, Brasil.
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Doença de Chagas e o ataque ao coração

Os municípios do centro oeste no Brasil e sua equivalência nas doenças endêmicas das áreas pobres no mundo

Nossa história começa no município de Alexânia – Goiás, no Distrito de Olhos D’água, cidade que já foi uma região de foco do Barbeiro, vetor da Doença de Chagas. Embora o município conte com uma lei municipal publicada, Lei n.º 1546 de 23 de junho de 2021, que trata sobre a Semana da Conscientização e Enfrentamento à Doença de Chagas, a supracitada lei, ainda não entrou em operação, pois podemos dizer que as pessoas acometidas continuam perdendo suas vidas para a “Doença do silêncio”. Chamada assim pelos portadores da doença, pois é carregada de preconceitos sociais, econômicos e psicológicos, e não se houve falar em Doença de Chagas. Somente no município de Alexânia, foram dois óbitos no ano de 2021 e um em 2023, foi assim que passaram a notícia de boca em boca pela cidade, mas ninguém teve acesso ao diagnóstico e ao tratamento para a Doença de Chagas.

Minha família e as mortes que não entendia.

Notadamente, quando eu perdia um ente querido para a doença de Chagas, e eu perguntava a causa da morte e, alguém me respondia, à boca pequena: Morreu de Coração Grande, eu me conformava com a causa da morte. E nem imaginava que, eu, a que fazia as perguntas, carregava o trypanosoma Cruzi (Parasita causador da doença de Chagas) na minha corrente sanguínea, e que na minha vida adulta ela iria se manifestar. E quis a vida que tivesse ao meu favor, o conhecimento e a instrução para descobrir um tratamento “de ponta” no Hospital das Clínicas em Goiânia, Goiás e conviver e viver com essa maldita doença do silêncio. No ano de 2013, por mera curiosidade e por ter lembranças de barbeiros grudados na minha pele, no rancho beira chão em que eu morei com meus pais, busquei saber mais sobre a doença, seus estágios e acometimentos, surpresa a minha, e fui diagnosticada com a doença de Chagas. Ao receber o diagnóstico por um clínico geral do hospital da minha cidade, e ao questionar se a doença tem cura e tratamento e ao ouvir que não, meu mundo desfaleceu.

Entrei numa tristeza profunda, melancólica, contudo não desisti de viver

Entrei numa tristeza profunda, melancólica, contudo não desisti de atuar e viver, o Breve viver. Fiquei sabendo que na capital do Estado de Goiás, Goiânia, havia um especialista em doença de Chagas, o doutor Cicílio Alves de Moraes. Foi uma saga para localizá-lo e descobrir que o mesmo atendia no Hospital das Clínicas, e iniciar e ter acesso ao tratamento de referência e com as técnicas apontadas em nível mundial para o tratamento, começa outra aventura, visto que meu diagnóstico foi no início dos sintomas da doença, na fase aguda da doença e hoje, levo uma vida normal, trabalho, pratico atividade física e esporadicamente noto os sintomas da Doença de Chagas, muito embora conviva com o preconceito em ser uma pessoa acometida pela doença de Chagas. O preconceito ainda é visível, a maioria das pessoas acometidas têm receio de falar que tem essa doença, além da falta de condições financeiras, outro agravante é o analfabetismo difuso, pois é parte integrante da maioria dos acometidos pela doença de chagas no Brasil, a baixa ou nenhuma escolaridade. Vale ressaltar que a Doença de Chagas não é transmitida pelo beijo, abraço, relações sexuais ou uso de copos e talheres, ou seja, sua transmissao não se dá pelo contato físico.

Hoje, o Distrito de Olhos D’água, faz parte de um Estado em que as estatísticas levantadas anualmente, sobre a Doença de Chagas leva a óbito mais de 750 pessoas por ano, e estima-se que há entre 200 a 300 mil pessoas infectadas, isso porque depois do controle parcial vetor, o Barbeiro e, a falta de continuidade de programas sobre a doença, restou apenas uma população praticamente de idosos, que carregam um coração chagásico, e sobrevivem à chaga do poder público, sem assistência de um Estado, estado negligente, morrem no silêncio, na invisibilidade, por falta de informação, diagnóstico tardio, acesso ao tratamento e ao conhecimento sobre a doença de Chagas que compõe o rol de doenças negligenciadas do século XXI. 

O contexto da doença de Chagas é um problema de saúde pública, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A Doença de Chagas mata mais de 12 mil pessoas no mundo, todos os anos, é endêmica em vários países da América Latina e mormente no Brasil, que é a 4ª causa de morte, matando cerca de 4.500 pessoas anualmente por transmissão vetorial, via oral, congênita e por transfusão de sangue.

Como podemos contribuir para acabar com o silêncio proposital do Estado?

Diante do exposto, em relação à problemática da Doença de Chagas em nível nacional, está ocorrendo um movimento de várias Associações de chagásicos, instituições nacionais e internacionais para dar visibilidade à doença de Chagas e colocá-la como prioridade nas agendas políticas, bem como busca consolidar políticas públicas que beneficiem as pessoas acometidas, efetivar novas estratégias de comunicação, informação e uso de ferramentas eficientes em educação e saúde para o diagnóstico, acesso ao tratamento e a descentralização do tratamento para a população, pois a grande maioria acometida pela doença de Chagas vivem na Zona Rural e os tratamentos são nas grandes capitais.

Outro fator importante é a institucionalização do dia 14 abril como o dia Mundial dos Portadores de Doença de Chagas pela Organização Mundial da Saúde e todos os anos, em vários países, em que a Doença de Chagas é endêmica, acontecem eventos, campanhas e movimentos para mudar o cenário da doença de Chagas, e, no Brasil não é diferente. 

Todas as pessoas acometidas pela Doença de Chagas têm direito ao acesso à sorologia para a Doença de Chagas

O nosso país conta com a parceria da FINDECHAGAS – Federação Internacional de Doenças de Chagas, com sede no México.

No Estado de Goiás está em curso a institucionalização da AGPC – Associação Goiana dos Portadores de Doença de Chagas, sem fins lucrativos e de caráter filantrópico e assistencial, cuja finalidade é acolher e atender as pessoas acometidas pela doença de Chagas do Estado de Goiás. Embora de forma lenta, devido à dificuldade dos membros da Associação residirem longe, falta de sustentabilidade da instituição e sede própria, mas é um sonho de médicos militantes em prol das pessoas acometidas, e das pessoas que são portadores e nem sabem.

Todas as pessoas acometidas pela Doença de Chagas têm direito ao acesso à sorologia para a Doença de Chagas, receber atenção e acesso ao tratamento pelo SUS, é gratuito.

Tudo sobre Doença de Chagas

Conclama-se por sensibilidade do poder público e de toda a sociedade Goiana e Brasileira para colaborar com mobilização dos agentes políticos para colocar a doença de Chagas nas prioridades e mudar o cenário de uma doença centenária e que até hoje não há vacina e nem informação e acesso ao tratamento. Ainda mata em silêncio!

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Nilva Morais

Graduada em pedagogia, Pós–graduada na Arte de contar histórias, escritora, contadora de histórias, palestrante e presidente da Associação Goiana de Portadores de Doença de Chagas - AGPDC

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