Uma caminhada solitária em busca de conhecimento
Uma vez me contaram uma história onde, o pagamento da pena era pintar um muro, mil quilômetros-dia ou caminhar sob o sol escaldante e sobre a areia de um deserto 3 (três) horas por dia. O penitente não pensou duas vezes e escolheu, de imediato, pintar o muro. Um mês depois passou o supervisor e viu que o muro não tinha começado a ser pintado e indagou ao penitente, que lhe respondeu: no primeiro dia vim procurar a tinta, o balde, a escada e a brocha, resulta que só encontrei a tinta, mas não tinha brocha, no segundo dia vim procurar a brocha, mas tinha sumido a escada, no terceiro dia vim procurar a tinta, pois já tinha a brocha e balde e, até agora, é o momento que não encontro o muro.
Essa ilustração jocosa busca, de um lado, apresentar as dificuldades que o empreendedor apresenta ao procurar consolidar seu negócio, como também as dificuldades que se apresentam pela falta de conhecimento, planejamento e, ainda mais, domínio técnico administrativo da temática a qual atende no território.
Do outro é o enfrentamento para encontrar um terreno preparado, articulado, abonado e com mão de obra que detenha os conhecimentos necessários para cotejar e dirimir se o objeto e documentação estão cumprindo os parâmetros exigidos pela Lei. Veja como é intrínseca a articulação de cada uma das etapas.
Como a articulação das ideias junto à legislação faz toda a diferença para colocar em operação o objeto desenhado
Articular o plano de trabalho com a política é primordial, pois só pode ser executada a operação que seja entendida pelos pares, servidores ou mecenas, que tem interesse na entrega de serviços ou produtos ao cidadão, mas também junto a isso, que tenha início, meio e fim. A nova legislação, Decreto nº11.948 de 13 de Março de 2024 é cirúrgico na ajuda dos papeis e entendimento de quem tem a fazer e como deve ser feito. Mas, é necessário o uso de ferramentas de análise, construção e parametrização dos cenários de intervenção que a instituição se propõe a modificar positivamente.
Cada vez mais fica claro que é de competência da Administração o desenho do objeto, cabendo a você instituição a execução. Veja, o detentor da política pública é o Estado, o público alvo é o recorte analítico de toda a sociedade realizado pelo administrador público por meio de estudos adensados e com competência técnica acadêmica, ou seja, realizado pelos institutos de pesquisa.
Qual é o seu papel como instituição e onde temos deixado a desejar no ato de apresentar uma proposta de execução de projeto?

Normalmente temos proposto o objeto como sendo parte da estruturação do projeto, contudo o recorte desse objeto deve deter-se exclusivamente ao espaço territorial e visão direta de atendimento que o projeto diz alcançar. Agora deve ser separada a ideia que o apresentar um grupo de fotografias, listas de presença e vídeos sejam a comprovação da execução do objeto, isso não é a execução de seu objeto, o apresentado é a comprovação de uma etapa executada, onde corrobora na formalização documental da entrega da prestação de contas físico-financeira. Então a que chamamos de objeto? Na área social, é situação de vulnerabilidade apresentada pelo atendido e, normalmente, captada no ato da entrevista inicial (expectativa) e que ao final da execução (relatório final) deve ser demonstrado como avanços e constatações que a intervenção pretendida (avanços) mudo a vida da pessoa ou se propôs a mudar. Vejamos por meio de um exemplo, para um morador em situação de rua um projeto deve buscar mudar as condições de vida da pessoa e do grupo que nele se encontram, ou seja, as expectativas dessas pessoas é melhorar as condições em que elas se encontram, pois até a própria legislação em vigência municia esse pensamento, ou seja é anacrônico dizer que o projeto busca retirar à pessoa da rua, pois é uma decisão pessoal.
Se essa é uma de suas problemáticas, tenha certeza que estamos no local certo e espaço exato para discutir como devemos adquirir conhecimento, como podemos usar novas tecnologias e ferramentas que facilitem a construção de um objeto adaptado à necessidade latente da comunidade e expressada pela política pública desenhada pelo órgão finalístico de gestão.
Como posso usar novas ferramentas e consolidar conceitos que me ajudem a não repetir os erros na elaboração dos projetos?

Cada vez mais a Administração está usando a tal Inteligência Artificial (IA) para verificar a veracidade dos textos, a originalidade e até a pertinência dos temas, assim que não adianta mais acreditarmos que temos uma ideia única, inovadora, que fará mudar tudo e todos ao nosso redor, melhor é verificar quem está fazendo e como está fazendo uma boa execução e quais são os problemas enfrentados, para aí interferir e produzir um documento que diga respeito às mudanças que se pretendem alcançar (expectativas). O grande dilema que enfrentamos é desenhar as EXPECTATIVAS, pois são estas que deverão ser traduzidas como objeto, cada uma das unidades de execução direta da política pública tem desenhado em seu quadro quem é seu público alvo e necessidades, contudo, seu projeto está limitado a uma parcela desse público, bem como as necessidades que estes demonstraram. Por outro lado, temos de ter presente o tempo, ou seja, o cronograma desenhado com a pré-execução, execução e pós-execução visto que estas são os limites impostos de entrega das etapa por meio de seus relatórios circunstanciados, o fechamento destes relatórios são em grande medida um dos maiores problemas, pois nem sempre há uma gestão eficiente, fluida e assertiva dos dados a serem entregue para o fiscal do projeto.
Então, como fazer para ter uma essa etapa superada, devemos usar ferramentas modernas que integrem nosso pensamento com a necessidade de gestão do projeto e da instituição, bom falando de instituição, este é um outro capítulo a parte. Por que, quase sempre há uma confusão mental entre a gestão de projeto e o gerenciamento do instituto, que leva a na grande maioria das vezes a problemas de liquidez de caixa.
Não se perca como o nosso personagem da história na gestão de sua instituição
Cada vez mais os gestores e elaboradores de projetos estão sendo chamados à razão para disciplinar a área de atuação assim como controlar melhor o instituto ou organização, OSC. Os sistemas de gestão e as plataformas da Administração Pública são cada vez mais convergentes e interdisciplinares gerando diálogos multifacetados que atentam para as diferentes realidades e criam parâmetros objetivos de controle, não permitindo que se fuja da realidade imposta no território, seja na elaboração de custos do projeto ou construção do objeto a ser atendido.

Tenha sempre em mente e em mãos a tinta, o muro e a brocha, pois a depender da localização, gestão e status de entrega seu produto pode ser considerado o melhor projeto em âmbito nacional e internacional, podendo ser replicado em outros Estados e municípios da Federação, assim como países. Não deixe de se atualizar, busque novas tecnologias de gestão, persiga novos conhecimentos e, por último, sempre tenha em mente que aquilo que move você a permanecer no terceiro setor é o compromisso com sua comunidade!